Por R J Reed
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A Questão: A Escrava Isaura
Em seu livro A Escrava Isaura, Bernardo Guimarães usa vários meios de dar à escravidão uma vista negativa, tais como negatividade, a influência de Álvaro e o contraste.
Guimarães não pretende criar somente uma história romântica; nela inclui bastantes idéias que contrariam a escravidão como instituição da sociedade. Durante a conversa entre Álvaro e Geraldo, Álvaro amontoa uma grande lista de queixas contra a escravidão e as leis que a protege. Ele usa palavras tais como “infame”, “cruel” (71), “miserável”, “estúpida” (72), “bárbara”, “vergonhosa” (73), “absurda” e “desumana” (83). Com essas palavras, Guimarães enfatiza a negatividade da instituição da escravidão.
Usando o personagem de Álvaro, Guimarães continua sua ataque - mas agora ele usa um argumento social. Ele diz que, contra a escravidão “protestam altamente a civilização, a moral e a religião” (71). Álvaro acrescenta a esta lista a nação: “A escravidão em si mesma já é uma indignidade, uma úlcera hedionda na face da nação, que a tolera e protege” (73). Essas palavras chamam a atenção do leitor à questão social da escravidão - que socialmente não deve ser tolerada.
Na história o Álvaro é um personagem muito importante - ele tem dinheiro, influência, bondade, é nobre e é, em fim, o ‘salvador’ de Isaura. Guimarães o usa para influenciar e persuadir o leitor. A Geraldo, e falando da escravidão, ele diz, “Por minha parte, nenhum motivo enxergo para levar a esse ponto o respeito por um preconceito absurdo . . . seja eu embora o primeiro a dar esse nobre exemplo, que talvez será imitado” (73). Essa proclamação é um desafio aos leitores de imitar o exemplo de Álvaro.
No livro há várias contrastes: o mancebo com o escravo, o homem com a mulher; mas mais interessante é um que aparece brevemente no capítulo doze, pagina 52. Miguel tem bom amigo que é capitão de um navio, mas não é um navio qualquer - é navio negreiro. Um homem com filha escravizada é o bom amigo de um traficante de escravos. Não tem somente esse - o mesmo amigo, com seu navio, leva Miguel e Isaura ao Recife, dando a Isaura, temporariamente, a sua liberdade. Um navio que costuma trazer negros da África para os escravizar, ajuda a fugir uma escrava.
Há outro contraste que Guimarães faz com a escravidão e o ‘mundo civilizado.’ Ele lança aos seus leitores a idéia de que o ‘mundo civilizado’ não é tão civilizado como se acha. Álvaro diz a Geraldo que ele mesmo não vai “levar a esse ponto o respeito por um preconceito absurdo, resultante de um abuso que nos desonra aos olhos do mundo civilizado” (73). O personagem de Álvaro já faz muitas queixas da escravidão e propõe bastantes idéias nobres em favor da abolição. Com esse contraste ele demonstra que, por causa da escravidão, o mundo não é civilizado.
A distinção de classe social também é atacado pelo personagem de Álvaro. Com seu amigo Geraldo, ele compartilha os sentimentos ao descobrir que Isaura era escrava: “Parece que Deus de propósito tinha preparado aquela interessante cena, para mostrar de um modo palpitante quanto é vã e ridícula toda a distinção que provém do nascimento e da riqueza” (70). Ele continua a falar que a classe ou o dinheiro não são que importam, mas o coração. Essa idéia se dirige diretamente aos seus leitores, para que percam esse preconceito.
Os leitores desejados são as mulheres burguesas - esse desafio, então, procura incentivá-las a lançar fora o preconceito pelos de classes mais baixas, inclusive o escravo. O objetivo também é inspirar um nojo pela escravidão nessas mulheres. Mesmo que Isaura seja representada por uma mulher frágil, a influência que a Malvina tem sobre seu marido é um pouco mais forte. Guimarães as desafia, depois de mudar de pensamento por si próprias, a influenciar os seus maridos também.
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